PEDALANDO E OUVINDO A VOZ DA NATUREZA
PEDAL RIO PRETO/CONCEIÇÃO/TRÊS
CRUZES - 50KM
Nosso Amigo de Pedal Mário
Almeida mais conhecido por (Bisteca), apelido que carrega dos tempos áureos do
futebol valenciano, é profundo conhecedor da região que circunda Santa Bárbara.
Em nossos pedais o Mário sempre nos deu boas informações sobre a região dizendo
ser ótima para nossas pedaladas. Movido pela curiosidade e desejo de conhecer
um pouco mais sobre a região, resolvi partir para mais uma aventura sobre duas
rodas. Meus amigos de pedalada, infelizmente, devido a alguns compromissos não
puderam me acompanhar. O que fiz então? Fui pedalar na companhia do nosso
criador e de suas obras naturais. Alguns ciclistas afirmam que pedalar sozinho
não é muito bom. Eu particularmente penso também desta maneira. Mas quando você
pedala sozinho a natureza acaba estabelecendo um diálogo com você.
Neste pedal meu primeiro diálogo
foi com o Rio Preto que emitia o som de suas águas a vencerem as pedras que se
opunham ao seu curso. Fui ao seu lado até a entrada para o Barreado. Dali em
diante, ainda no asfalto, as aves começaram a cantarolar e se exibirem em seus
vôos por entre a estrada e as árvores que a margeavam. Cheguei então a
Conceição. Ao lado da entrada de um hotel fazenda um bar de nome bem sugestivo
e interiorano “Bar Frango Caipira”. O cheirinho de torresmo que vinha do local
me aguçou o apetite, mas consegui me controlar. Minha parada no local se
resumiu a uma água e uma fotografia tirada pela bondosa e simpática senhora
proprietária do estabelecimento.
Uma pequena esticada de 1km estava no Arraial
de Conceição. E como não podia deixar de registrar minha passagem por lá, logo
tratei de tirar uma foto tendo como pano de fundo a igreja de Conceição. Agora
pensava eu, a cobra vai fumar. Peguei algumas informações sobre a estrada e me
disseram que o trecho possuía subidas fortes. Mas como estamos acostumados e as
montanhas sempre nos desafiam, fui então vencer mais um dos inúmeros desafios
que já passamos.
Logo de início uma subida forte um pouco parecida com o Funil
onde os eucaliptos formam a borda da estrada. Um pequeno alívio em parte plana
e mais subida. Região de água límpida e clara que margeiam em alguns trechos a
estrada. Mais a frente outra subida forte e mais longa, mas nada que não
tenhamos vencido. Vencido o percurso pior a estrada torna-se plana e o visual da Serra Negra e da Serra do Funil
torna a paisagem um colírio para os olhos. As montanhas como que querendo
alcançar o céu, mostram toda sua imponência e sua voz ecoa na imensidão do
infinito. Paro um pouco de pedalar e fico apreciando a junção quase carnal
destes dois elementos da natureza. Linda imagem que não posso deixar de
registrar pelas lentes humildes de minha câmara.
Enfim, cheguei a tão falada e
comentada Três Cruzes. Já na chegada ao Arraial encontrei alguns moradores
cortando bambu na mata para enfeitarem um arraial de Festa Julina. Dentro do
Arraial de Três Cruzes, ao me encontrar com um morador local, logo me pus a
perguntar. Por que o Arraial tem o nome de Três Cruzes? A resposta veio de
imediato. Os avós dos moradores atuais afirmaram que o nome tem origem a partir
de um fato ocorrido no lugar. Conta ele, que uma mulher moradora do local
engravidou de gêmeos, e que logo ao nascerem devido as dificuldades ocasionadas
pelo parto, vieram os TRÊS a falecerem, mãe e filhos. Em sua homenagem fizeram uma
CRUZ para cada um. Uma cruz maior representando a Mãe e duas menores, mas
ligadas a maior representando os filhos.
Entrando um pouco mais ao vilarejo sou
recebido por um simpático cachorrinho que viu em minhas canelas seu almoço de
sábado. Uma menino muito simpático chamado Marcelo logo intercedeu chamando a
atenção do cachorro que prontamente o atendeu. O menino um pouco acanhado logo
olhou para minha bike dizendo também possuir uma e que gosta também de pedalar
pelo arraial. Pedi para tirar uma foto minha e por muito custo o convenci a
pousar a meu lado para uma fotografia. Sua simplicidade, timidez e seus olhos
claros chamavam a atenção.
Conversa vai conversa vem, hora de voltar. Admirado
com as belezas naturais e o povo local, volto já imaginando o pedal do próximo
sábado que creio eu, faremos este percurso só que, de Três Cruzes, iremos até o
Funil e de lá voltaremos pela Serra do Funil até Rio Preto. Pedal super legal.
A volta foi super tranquila já que, o retorno seria em sua maior parte de
descidas. Tive ainda a companhia de alguns bois que insistiam em bloquear a
estrada, mas com minha habilidade de “PEÃO” consegui tirá-los da estrada.
O
final do pedal não poderia ser melhor. Ao chegar a praça de Rio Preto, me
chamou a atenção a quantidade de carros e de pessoas saindo da Igreja. Era um
encontro de duas famílias de origem rio pretanas que se reúnem todo ano para uma
missa acompanhada de uma confraternização no parque de exposição de Rio Preto.
Aquele aglomerado de pessoas ao redor da praça e o fundo musical com canções de
Ronie Von “A Praça” e a “A Banda” de Chico
Buarque, completaram aquele quadro típico das cidadezinhas do interior.
Volto
para casa ansioso por contar a Cláudia sobre tudo que meus olhos presenciaram e
a emoção de vivenciar tudo isto. Espero que no próximo pedal a história conte
com mais personagens para que possa ilustrar ainda mais, o texto relato que o
Mountain bike tem nos proporcionado. Até mais breve.