terça-feira, 3 de setembro de 2013

PEDAL ÉDER E OTACÍLIO (VOLTA DO BARREADO) E PEDAL LANIR, SERGINHO E MÁRIO (CACHOEIRA DE SANTA INÁCIA E GAINHO)


PEDALAR E DECIDIR

Em nossos pedais, a distância percorrida, o trajeto, as marchas adequadas ao terreno e a duração do pedal, são formas de escolha das quais, invariavelmente, não podemos fugir. Nas trilhas, estradas de terra e asfalto frequentemente temos que tomar posições ou decidirmos sobre algo. Decidir ou se posicionar sobre alguma coisa, às vezes, é doloroso, pois ao tomarmos uma decisão sempre nos restará uma outra opção. Lembro de um pedal entre Rio Preto e Valença, na altura da Fazenda Bela Vista na estrada do Chaves, o amigo José Adal tomou o caminho a direita numa bifurcação. Logo em seguida o chamei para seguirmos a estrada que eu conhecia. Como não conhecia o caminho a direita, optei  pelo trecho que já havia passado. Nossas decisões, na maioria das vezes, são tomadas de acordo com os valores culturais que nos são transmitidos. No meu caso, a comodidade e a opção por não correr riscos foi preponderante na minha escolha, pois a sociedade nos influencia não só na moda, na música e hábitos alimentares mas também em nossas ações. Em minhas aulas de Filosofia, procuro mostrar aos adolescentes até quanto uma ação, ou seja, uma decisão tomada por vontade própria foi ou não reflexo daquilo que você desejava, ou foi meramente reprodução  dos modelos de sua referência. Um jovem, quando arguido sobre o motivo para  colocar um piercing tipo argola no nariz, me respondeu o seguinte: “Fiz porque eu gosto, acho legal!”. Pedi ao adolescente que fechasse os olhos e se imaginasse sozinho no mundo, sem familiares, sem amigos, sem ninguém. Tratei de conduzi-lo brevemente pelo “livre mundo da imaginação” assegurando-lhe que sob esta perspectiva poderia fazer tudo que gostasse e fosse de seu desejo, inclusive a colocação de quantos piercings quisesse, por um método de auto-aplicação e sem sentir qualquer dor. Após alguns instantes, envolvido pelos pensamentos sugeridos, ele balançou a cabeça de um lado para o outro, sorriu e disse que desse modo não via nenhuma graça para colocar qualquer tipo de piercing e que tudo agora lhe parecia absolutamente sem sentido. Pela influência da cultura e induzidos pela mídia que massifica e impõe valores e bens de consumo, enfatizamos a personalidade social ao mesmo tempo em que nos distanciamos da essência natural individual. Estamos tão imersos neste contexto que sequer nos damos conta, tornando-nos reféns inconscientes deste processo. A avaliação do individuo se torna constante e automática em função de seu papel social e dos valores a ele agregado. Onde ele trabalha, o seu grau acadêmico, o seu grupo de influência, suas roupas, o que possui, enfim, em tudo é avaliado e julgado. Toda hora, todo tempo! O homem faz suas escolhas de acordo com o que lhe é dado para escolher e estas escolhas são baseadas e norteadas por uma escala a qual ele está submetido  e subjugado. Acredita na exclusividade de sua posição e defende o modelo que o orienta como se fosse a mãe que briga por sua cria. Muitas vezes, com o pretenso desejo de ser diferente, o homem apenas recria e reproduz os modelos de sua referência. Como cantava Elis Regina: “...minha dor é perceber que, apesar de termos feito tudo que fizemos, ainda somos os mesmos, como os nossos pais...”. Acredito que Elis Regina, com o amadurecimento natural que o tempo e a idade trazem consigo, chegou à seguinte conclusão: “ O ser só é, quando se vê no outro”. Portanto, minhas decisões, meus posicionamentos e atitudes não são autônomos, são meros reflexos da sociedade em que  vivemos e interagimos.


 VOLTA DO BARREADO
(OTACÍLIO E ÉDER)
Éder e Otacílio (Volta do Barreado)
Éder e Otacílio (Volta do Barreado)
Éder e Otacílio (Volta do Barreado)
Éder e Otacílio (Volta do Barreado)
Éder e Otacílio (Volta do Barreado)

PEDAL SANTA INÁCIA E GAINHO
(SERGINHO, LANIR E MÁRIO)




















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